Claudio Fernandes, da Tribuna da Imprensa
Jamais acontecerá novamente uma final de Copa do Mundo como a disputada neste domingo, em Doha, no Qatar. E nunca houve antes. Jamais alguém voltará a dizer que Messi não é campeão do mundo. Argentina e França empataram em 2 a 2 no tempo normal, 1 a 1 na prorrogação, somaram 3 a 3 no placar geral com a bola rolando e, após quase duas horas e meia de futebol, só a marca do pênalti desempatou a final. Na forma mais cruel – e mais justa – de se decidir uma partida, melhor para os argentinos, que esperaram 36 anos e viram uma vida inteira passar diante dos seus olhos até que Montiel marcasse o quarto pênalti e o sonhado tricampeonato chegasse. Jamais será composto um tango com tamanha dramaticidade.
PRIMEIRO TEMPO
Aos quarenta minutos da primeira etapa o técnico francês Didier Deschamps trocou Dembelé e Giroud por Kolo Tuane e Thuram. Foi a primeira vez que um treinador substituiu dois jogadores antes do intervalo em uma final de Copa do Mundo. O que motivou isso? Um dos maiores bailes que uma seleção campeã do mundo impôs a outra do mesmo patamar na primeira parte de uma decisão de Mundial.
Superior desde o apito inicial, os argentinos não permitiram sequer uma finalização aos franceses. O domínio tático foi tão grande no adversário que, por diversas vezes, Messi e Di Maria, brilhantemente colocado por Scaloni na ponta esquerda, apareceram livres para criar. E a França pagou caro por isso.
As oportunidades se empilhavam. Aos 5min Mac Alister deu o primeiro chute a gol, defendido por Lloris. Aos 7 foi a vez de De Paul arriscar e a bola desviar para escanteio. Aos 16 Theo Hernándes cometeu seu terceiro erro na saída de bola, Messi passou a Molina e este, a Di Maria, que concluiu mal.
Quatro minutos depois, porém, o veterano brihou. Recebeu na ponta esquerda, deu drible desconcertante em Dembelé, entrou na área, caiu e o árbitro marcou pênalti. Messi cobrou e fez justiça ao placar: Argentina 1 a 0. Era uma goleada pelo placar mínimo.
O recital continuou, Perdida em campo, a França não produzia nada digno de nota. E quando tentou se lançar ao campo ofensivo, a bola foi recuperada na defesa argentina e chegou a Messi, que passou de primeira a De Paul. Este esticou para Mac Alister, que arrancou e viu Di Maria sozinho na esquerda. O passe foi perfeito e a conclusão também: 2 a 0. Eram 35 minutos de jogo e até o final da primeira etapa Messi, Di Maria e companhia só não colocaram a Torre Eiffel na roda.
SEGUNDO TEMPO
Embora com menos intensidade, a Argentina seguiu dominando a França no início da segunda etapa. Tanto que os franceses nada fizeram ao longo dos vinte primeiros minutos. A situação da partida, porém, começou a mudar aos 18, quando, cansado, Di Maria deixou o campo de jogo.
Sem o melhor jogador da partida, a Argentina cedeu espaço à França que, finalmente, aos 22 minutos, conseguiu sua primeira finalização. Uma ombrada na bola, para fora, de Lolo Muani, após cobrança de escanteio.
Aí Mbapé, que não tinha sido notado durante toda a partida, resolveu jogar. Azar da Argentina. Aos 25, chutou com perigo por cima do gol de Martinez. Nove minutos depois, Kolo Muani sofreu pênalti de Otamendi. Mbapé cobrou e diminuiu a diferença. Um minuto e quarenta e três segundos depois, o camisa 10 completou de primeira após trocar passes com Thuram e empatou o jogo.
O gol de empate desnorteou a Argentina, que só voltou a ameaçar aos 53 da segunda etapa, em chute de Messi que Lloris espalmou para escanteio.
PRORROGAÇÃO
As duas seleções deixaram tudo o que tinham em termos físicos, técnicos e emocionais na prorrogação. Após quase 140 minutos de jogo, contando os acréscimos, os rostos extenuados denunciavam que não havia faltado empenho e dedicação.
Ao longo do tempo extra, os dois times fizeram gols. Messi fez 3 a 2 já na segunda parte. Mbapé, de pênalti, fez o terceiro francês. E também perderam, com Kolo Tuané e Lautaro Martinez.
PÊNALTIS
Mbapé fez o seu terceiro pênalti em Martinez na abertura das cobranças. Messi, o seu segundo em Lloris na primeira cobrança argentina. Martinez pegou a cobrança de Coman, Dybala anotou e colocou a Albiceleste em vantagem. Tchouameni bateu para fora, Paredes fez 3 a 1, Kolo Muani fez 2 a 3 e coube a Montiel a quarta cobrança. O lateral havia cometido a penalidade que causou o empate na prorrogação, mas bateu bem e acabou com a agonia argentina: 4 a 2 e a eternidade.
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