Da Agência Reuters
BUENOS AIRES (Reuters) – O Banco Central do Brasil vai insistir em sua postura agressiva na próxima semana, deixando a taxa Selic no nível mais alto em seis anos, ao mesmo tempo em que provavelmente afastará as esperanças de qualquer afrouxamento iminente da política monetária, previram economistas em uma pesquisa da Reuters.
Seria a quinta reunião consecutiva em que o BC manteria a Selic em 13,75%, após interromper um ciclo agressivo de alta dos juros. Mas os riscos internos altistas para a inflação persistem e os problemas recentes em alguns bancos menores dos EUA estão tornando o cenário global mais desafiador.
No comunicado que acompanhará sua decisão de quarta-feira que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve reiterar uma visão cautelosa sobre as contas públicas do Brasil, no aguardo da forma final do novo arcabouço fiscal planejado pelo governo.
Todos os 30 economistas da pesquisa realizada de 13 a 16 de março disseram esperar que a Selic fique em 13,75%, um nível restritivo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado, alegando que é prejudicial à economia.
“Este é um momento de cautela e de olhar os esforços do governo para continuar mobilizado em direção à responsabilidade fiscal e à boa gestão de despesas e receitas”, disse Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset.
Alguns analistas citaram a turbulência do mercado em relação a questões do setor bancário como um fator que poderia suavizar a postura do BC, num momento de crescente especulação de que o setor bancário dos EUA pode forçar o Federal Reserve a moderar seu aperto.
No entanto, autoridades do Brasil e de outras economias de mercados emergentes estariam relutantes em seguir qualquer movimento potencial do Fed para lidar com preocupações que até agora estão limitadas principalmente a alguns credores menores dos EUA e ao suíço Credit Suisse.
O BC provavelmente desejará evitar alimentar as pressões inflacionárias ao exacerbar a desvalorização recente do real com quaisquer medidas inesperadas, dada a desconexão entre a economia doméstica e as preocupações com os bancos no exterior.
A expectativa é de que a autarquia prepare o terreno para um período mais longo de juros elevados, e agora a maioria dos entrevistados questionados sobre suas perspectivas para o terceiro trimestre projetam a Selic em 13,75%, ante 13,50% no mês passado.
Uma maioria de 14 dos 25 economistas não viu mudanças na Selic pelo menos até junho, em comparação com 11 de 25 em contagem final de uma pesquisa de fevereiro. A estimativa de consenso para o quarto trimestre ainda prevê um corte, mas a taxa do final do trimestre ficou 0,25 ponto percentual mais alta, em 12,75%.
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