Claudio Fernandes, da Tribuna da Imprensa
Em pouco menos de 10 dias, o esporte brasileiro perdeu outro camisa 10 eterno. Neste domingo, o único marcador que venceu Pelé, fez vítima também Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco da Gama. Aos 68 anos, Roberto perdeu a luta contra um câncer no intestino e morreu no Rio de Janeiro. O craque acabou não resistindo a uma piora do quadro. Internado quinta-feira, não resistiu e veio a falecer.
Apenas no plano físico. Nascido Carlos Roberto de Oliveira, em 1953, se tornou imortal anotando nada menos do que 708 gols em 1.110 jogos pelo Vasco, onde, além de maior ídolo, é o maior artilheiro, jogador que mais vestiu a camisa e também é estátua. E insuperável.
A história da carreira e da vida de Roberto se confunde com a de um dos períodos mais áureos da historia do futebol brasileiro, em especial o carioca. O craque estreou pelo Vasco em 1971, ano em que também ganhou o apelido de Dinamite graças a uma manchete do Jornal dos Sports. Em 1974, foi campeão e artilheiro do Campeonato Brasileiro, consolidando sua condição de ídolo.
No fim da década e até meados dos anos 1980, viveu uma rivalidade inimaginável nos dias de hoje com o Flamengo de Zico, Júnior, Leandro, Adílio e cia. Normalmente atuando em um Vasco, embora recheado de ótimos jogadores, tecnicamente inferior, Dinamite colocou o clube à altura de rivalizar e conquistar títulos sobre o tradicional adversário, como aconteceu nos campeonatos estaduais (á época com importância no mesmo patamar do Brasileiro) de 1977 e 1982.
Os duelos épicos, no entanto, não evitaram que uma amizade surgisse com diversos jogadores do Flamengo. Em especial, Zico, maior ídolo da história rubro-negra. Juntos, ambos protagonizaram momentos indescritíveis em campo e sempre ressaltaram que eram adversários apenas nos noventa minutos em que defendiam as cores de seus times. Fora dele, não raro eram vistos conversando, frequentando as casas um do outro e desfrutando da vida em família.
Tanto que, em 1993, quando Roberto se aposentou, Zico não titubeou a aceitar o convite para que atuassem lado a lado no jogo de despedida. Zico vestiu a camisa do Vasco, foi aplaudido e respeitado pela torcida do maior rival e declarou inúmeras vezes que o fez pelo carinho que sempre nutriu por Roberto. Depois de aposentados, a amizade seguiu e Roberto era presença certa no Jogo das Estrelas, partida beneficente realizada por Zico todo fim de ano.
Roberto também vestiu as camisas da Seleção Brasileira, onde marcou 26 gols e disputou as Copas de 1978 e 1982 – e jamais perdeu um jogo atuando ao lado de Zico -, do Barcelona, da Portuguesa de Desportos e do Campo Grande, do Rio de Janeiro.
Confira outras notícias da editoria ESPORTE clicando aqui.